A. Jorge Ribeiro
Um homem, quando adrega de apaixonar-se, ou mar ou terra.
Textos
A MINHA CONDIÇÃO

Eu já tive um sonho de grandeza
E feito de livros, de croquis, de penas
A mortiça luz, nas tábuas duma mesa
Imaginando em drama muitas cenas.

Gostaria então de ser compositor,
Receber, amar e dar sons naturais,
Poetar, prosar, cantar, ser trovador,
Encantar o velho orbe, ter jograis.

Gostava e não sou nada que se veja!
Nem sequer joguete da minha ilusão,
Nem a pedra fria dum degrau de igreja
Nem aorta triste de algum coração.

Ou mesmo soldado, baioneta, tiro,
Morteiro, adaga ou detonação.
E traste imprestável, nem sequer expiro:
Não terei direito às tábuas dum caixão?

E já que vivo, ao menos, vou sorrir
Cantar, dormir, comer, beber, andar.
Eu que não consigo ainda sem fingir
Fazer senão de nau no alto mar…
ANTONIO JORGE
Enviado por ANTONIO JORGE em 05/10/2009
Alterado em 14/10/2009
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