Este texto, publicado em 24 de Setembro de 2010, explica os encantos da minha linda princesa do Ave que me apaixonam.
Santo Tirso já encerrou, intramuros, todas as cantadas maravilhas e belezas do nosso Portugal.
Coimbra, Tomar, Buçaco, Porto romântico, Bom Jesus do Monte de Braga, Évora, Beja, Açores e Madeira. Todos os mais marcados feitiços de Portugal se encerram em Santo Tirso.
As fontes do Mosteiro ou do Terreiro (chamada “dos cãezinhos”) e da Maria Velha – e das paixões novas, tão fatais – o que são de menos que a Fonte dos Amores na Quinta das Lágrimas da Lusa Atenas? Subamos à Assunção e veremos se não há lá fadas e sombras… como no Choupal!
Quem não se extasia perante o brasão que encima a porta branca como quem admira a janela célebre de Tomar? Obra de dois Joões, um de Castilho e um Turriano!
Ao fim da tarde, que devaneador encontra melhor poiso do que os bancos do parque? Sentemo-nos a recrear os olhos, que não fica mais enlevado quem se senta no alto do Jardim lisboeta do Príncipe Real!
Quem podia, mediante pequena gratificação do viajante ao emissário do hotel, usufruir de jantares na mata do Buçaco, por que não o faria, com igual deleite, nas matas do Monte Córdova?
Não temos os jardins do Palácio de Cristal que deleitavam os portuenses de há cem anos, isso não. Mas temos a Praça Conde de S. Bento (Parque D. Maria II, atualmente) com os seus jardins; os copados arvoredos do Candal e a casaria alvejante de Gaia que se avistam do vergel da Torre da Marca que têm de mais que o virente Pinheirinho e as matas do Mosteiro para os lados de Frádegas?
Quando a Vila era pejada de capelas – Passos, Santo António, Horto, Prisão, Verónica, Cruz, Cana Verde – não seria a nossa princesa do Ave, afora a altitude, um Bom Jesus do Monte?
O Orgal congraçava, devido à excelência e quantidade das suas águas derivadas da mina ou mãe delas, Valongo e Avintes. Valongo padejava o pão de trigo; Avintes o pão de milho; o Porto comia tudo o que se produzia nas suas duas grandes padarias. No Orgal, a Pita, as Biscouteiras, as Morte, o Mouquinho, faziam o pão de milho e de trigo – e os biscoitos – que não desluziam o manjar saído outrora dos treze fornos dos frades.
Quem quiser adivinhar aquela janela famosa onde um vulto feminino, detrás da cortina branca, era senhora de uns olhos verdes que espalhavam o olhar pelo Vale de Santarém, percorra as veredas de Vilalva a Argemil, encontrará uma Joaninha chamada Teresinha, um Carlos que é António Lobo e, com um pouco de sorte e algum esforço, rouxinóis e parentes de Almeida Garrett.
Derrubado o casario do antigo Hotel, o Cidenai seria um caso sério pois suplantaria a eborense Praça do Giraldo.
E o turista que não visitasse a loggia renascentista de Beja, com poucos quilómetros de deslocação da nossa cidade, contemplaria a loggia atribuída a D. Miguel da Silva, abade do Mosteiro de Santo Tirso.
O escadório do jardim Ribeiro Miranda para o Parque, ultimamente embelezado e refrescado com uma elegante queda de água artificial, é tão envolvente como o da igreja do convento de S. Francisco e Conceição, nos Açores.
O retiro edénico das quedas da floresta laurissílva em São Vicente, Madeira, vive-se, sem travessia de mar, no parque de lazeres de Valinhas e no rio Leça, nas Quedas de Fervença.
Visitem Santo Tirso!
António Jorge Ribeiro